domingo, 25 de janeiro de 2009

SP, para enamorados



Sampa também tem luar :)

Estou de volta à minha cidade, São Paulo, depois de uma movimentada e educativa temporada em Porto Alegre. Como diria o poeta Fernando Pessoa, é difícil dizer o quanto isso me alegra e o quanto me basta. Em meio às incertezas, a todas as idas e vindas, é bom reconhecer as ruas, andar de novo pelo universo que me é tão caro. Nessa volta, assim como a cada visita que fiz enquanto estive fora, reafirmo meu amor por essa cidade. Ela é dura, injusta, louca e costuma abismar os olhos estrangeiros. Tem problemas que, para muitos, caminham para o insolúvel. A carência de planejamento urbano e social salta aos olhos diariamente, testando a paciência e a persistência de todos. Tudo isso é verdade em cada centímetro da cidade. Mas, para aqueles que a chamam de casa, São Paulo é mais do que a dificuldade no trânsito, do que as enchentes que a castigam, do que os desafios a serem vencidos. Reconhecê-la como lar traz a sensação de muito trabalho a ser feito, mas também de horizontes infinitos a desvendar. Quem vive e ama essa terra sabe que poucos lugares do mundo oferecem espaço para o olhar como essa cidade. Porém, para gostar dela, é preciso perceber a parte que nos cabe deste latifúndio. É preciso entendê-la, ouvir a voz que sussurra em meio às buzinas, às vozes, aos prédios altos que tapam o luar de vez em quando. É preciso decifrar as histórias do seu passado, da sua identidade que continua abaixo de nós como berço, em cada esquina.

Para entender e aceitar São Paulo, é preciso reconhecê-la. Atentar à sua mensagem de amplidão que nos grita por entre o concreto, dizendo que, se a decifrarmos, poderemos ser o que quisermos. E depois de entender a alma da cidade, depois de mergulhar nela, o olhar dificilmente conseguirá se acostumar com horizontes menores do que este. Ainda que em cenários opostos, diferentes e até mais gritantemente belos, ela nos acompanhará. Nossa compreensão continuará gigantesca, como os muitos rostos, estilos e mentes que a povoam. Como já disse outro pensador, você pode até tirar um paulistano de São Paulo, mas não tirará São Paulo de um paulistano.

E, para homenagear meu eterno amor em seu aniversário, quero fazer um mergulho nas coisas simples do dia-a-dia, que fazem a minha São Paulo. Listo aqui, como boas recomendações para quem quer desvendá-la, algumas (porque sei que ainda vou lembrar de muitas outras...) das minhas ocupações preferidas na Paulicéia – e outros desejos e passeios paulistanos que ainda tenho vontade de realizar. Tudo bem, tenho tempo. Ela, como sempre, está esperando de braços abertos. :)

Coisas que adoro fazer...

- Passear na Feira de antiguidades da Paulista aos domingos, constatando que os baús das nossas avós dariam pra abastecer ótimas barracas por ali.
- Aproveitar para ver alguma exposição bem boa no MASP e terminar a tarde com um choppinho no Opção.
- Andar sem pressa pela mesma Paulista, desvendando seus tesouros históricos e artísticos - e aproveitando pra dar uma voltinha no Parque Trianon.
- Sofrer ao querer comprar tudo na feirinha dos finais de semana no Center 3.
- Almoçar na Liberdade e depois conferir a também famosa feirinha no sábado ou domingo à tarde, aproveitando para conhecer a arquitetura do bairro – que vai muito além das charmosas lanternas nos postes de iluminação.
- Dar risada tomando chocolate quente com amigos na folclórica Cepê.
- Ver as novidades malucas da Benedito Calixto (ainda vou mobiliar minha casa com as coisas de lá!) e descobrir o artesanato cuidadoso dos artistas da Praça da República.
- Deixar o espírito voar diante da paisagem vista de cima da Comedoria do SESC – acompanhada do infalível capuccino e do pão de café com chocolate.
- Ficar tonta sem saber pra onde ir em noites e dias de Virada Cultural.
- Caminhar e sentar à sombra das árvores do Parque da Água Branca, e festejar o clima do lugar em dias de Revelando São Paulo.
- Acompanhar as ótimas atrações do Auditório Ibirapuera – e aproveitar para achar lindas, de novo, as curvas e retas do projeto de Niemeyer (Vai! rs).
- “Fazer a feira” com os achados da Zépa, aproveitando pra passar pela Estação da Luz.
- Engordar feliz com as maravilhas gastronômicas, e encher os olhos com as danças e o artesanato da Festa do Imigrante – aproveitando para conhecer o museu e achar alguns antepassados por lá.
- Olhar a lua cheia, linda em noites limpas, por entre os prédios da cidade.
- Ver o sol se abrindo em domingos de calor.
- Sentir a brisa perene que não nos deixa derreter no verão.

Coisas que já fiz e quero repetir...

- Visitar o Museu do Ipiranga e descobrir as lendas que se escondem entre os céus e a terra do lugar.
- Ir ao Instituto Butantã e à Estação Ciência.
- Me emocionar com uma missa em canto gregoriano no Mosteiro de São Bento.
- Voltar ao Pateo do Collegio.
- Acompanhar a programação do Museu da Língua Portuguesa.
- Assistir a uma ópera no Teatro Municipal.
- Comer muita pasta na Festa da Achiropita do Bixiga. Ou uma bela pizza em alguma das ótimas cantinas do bairro. Ma che!
- Admirar as ninféias do Jardim Botânico, pedaço de paz no meio da cidade.
- Aproveitar um sabadão ou domingão para prestigiar os belos vizinhos: as construções históricas de Paranapiacaba, a festa alegre dos finais de semana em Embu das Artes e, claro, a aposta de pegar um pouco de sol (com ou sem engarrafamento) no litoral!

Coisas que ainda não fiz (que vergonha!)

- Visitar a Pinacoteca do Estado.
- Conhecer a Sala São Paulo, se possível ouvindo uma bela sinfonia.
- Participar de uma visita guiada à Catedral da Sé, emendando com outra ao Centro Histórico de São Paulo – ambos já visitados e apreciados com o simples olhar de curiosa.
- Visitar o Museu de Arqueologia da USP.
- Visitar o Museu de Arte Sacra.
- Conhecer o Solo Sagrado.
- Participar das comemorações do Ano Novo Chinês (acabaram de acontecer!).
- Conhecer (e almoçar) no Mercado Municipal.
Quem quiser me acompanhar, está convidado. Boa Sampa para todos! :)

(25.01.2009 - Pastel com Chimarrão)

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