quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Aurora


Já sinto o cheiro do novo no ar. Ele está vindo, com seus raios a iluminar a terra, as nuvens de nossos pensamentos, de nossa alma, de nossas expectativas. O que está cá dentro, no coração de cada um, cobra nascimento e procura espaço para florescer. É ele, de que tanto se falou, pelo qual se festejou, se esperou e comentou. Ele surge agora. Ele: um novo dia. Mais um dia, um dia inteiro, 24 horas novinhas, que chegam com todo o seu mar de possibilidades.

Esse é o ciclo que começa: um novo dia. Todos os dias, todos os meses e todos os anos. O momento que chega é nosso tesouro. Que os dias que anunciamos saltem a nossos olhos, trazendo força para nossos braços e energia para nossas pernas, para que possamos construir e caminhar rumo ao novo. Porque o novo pode nascer todos os dias. Com a beleza do sol que clareia nossa aurora.

Feliz Novo Dia!

Madrugada camponesa,
faz escuro ainda no chão,
mas é preciso plantar.
A noite já foi mais noite,
a manhã já vai chegar.

Não vale mais a canção
feita de medo e arremedo
para enganar solidão.

Agora vale a verdade
cantada simples e sempre,
agora vale a alegria
que se constrói dia-a-dia
feita de canto e de pão.

Breve há de ser (sinto no ar)
tempo de trigo maduro.
Vai ser tempo de ceifar.
Já se levantam prodígios,
chuva azul no milharal,
estala em flor o feijão,
um leite novo minando
no meu longe seringal.

Já é quase tempo de amor.
Colho um sol que arde no chão,
lavro a luz dentro da cana,
minha alma no seu pendão.
Madrugada camponesa.
Faz escuro (já nem tanto),
vale a pena trabalhar.
Faz escuro mas eu canto
porque a manhã vai chegar.

(Thiago de Mello)

(03.01.2008)

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