quinta-feira, 4 de novembro de 2010

PS

Parece. Mas desconfio que não é apenas tédio, impaciência, confusão mental, medo de me ferrar again and again ou preguiça do sempre-o-mesmo-das-relações-humanas. Sei é que há uma mudança profunda em curso. Não sei ainda o ponto de chegada - claro - mas percebo que é contundente e para ficar. Para sair. Ou, talvez, para me levar de volta para casa.

O fato é que há algo grande prestes a acontecer. A marcha do tempo continua, mostrando que a noite é escura, profunda e indelével - e não menos cheia de possibilidades. Hipóteses que só se ocultam aos olhos que não querem ver, ou que enxergam tarde demais, ou cujo compasso se descompassa com o dos olhos do resto do mundo.

Não há como ser diferente. Para fugir do desenquadro, vontade de mergulhar no fundo de si, de fugir de tudo, de recomeçar do ponto onde se parou. Ou onde se deixou de começar. Há tanto tempo. Será?

E no meio do furacão das idéias e do silêncio pesado da noite, e das letras vãs na tela do computador, e das horas que se arrastam ao longo da semana sem respostas precisas - não importa o barulho ambiente - apenas duas palavras.

Quiçá, três. Acusando algo de resistência. Capaz de trazer alguma paz. Alguma certeza no meio do tudo de incerto.

Palavras engasgadas na garganta e no coração por anos. Tantos que quase se desgastam, se desvirtuam, entregues à ignorância do olhar. Mas teimosas, conquistam à força seu direito de existir, se mostrando enfim apesar das instâncias em contrário. Vencendo a rede intrincada das idéias desviantes. Do medo do Fim da História. Ou do começo de tudo que realmente possa valer a pena.

Palavras que ainda esperam para ser ditas. E que me perguntam, sedentas de futuro e de luz do Sol, se ainda haverá tempo.

Haverá tempo?

(14.11.2010)