terça-feira, 8 de abril de 2008

30 anos

Dormir cedo em dia de sábado. Com gosto e sem culpa.
Conseguir dormir até tarde e ficar feliz por isso.
Perder pudores. Vários.
Se sentir realmente dona da sua própria casa.
Fazer planos. E novos planos. E muito pelo contrário.
Esquecer o que não presta.
Lembrar, de vez em quando, só pra esquecer de novo.
Ter preguiça de cumprir horários.
Tomar remédio, não poder beber e cumprir a determinação.
Marcar uma balada com duas semanas de antecedência.
Trocar a balada por filme + cobertor + pipoca.
Fazer baladas em casa.
Beber menos.
Comer mais.
Embaralhar as refeições.
Ter pensamentos contraditórios sobre a perspectiva de ter filhos (se você ainda não os têm).
Alternar fases afetivas descontrol com fases "morra, que não vou nem olhar".
Se surpreender em ver aquele amigo do seu irmão mais novo de casamento marcado.
Não se surpreender (tanto) em ver casamentos "supersólidos" terminando.
Demorar menos para se irritar com o trânsito.
Se espreguiçar e ver que tem muito mais coisas querendo voltar ao lugar do que antigamente.
Querer voltar a fazer exercício.
Não saber de onde veio aquela barriga.
Lembrar como você era besta no tempo da faculdade.
Lembrar como era bom o tempo da faculdade.
Olhar pela janela e lembrar de quando você tinha medo do mundo. E, ao mesmo tempo, ainda achava que podia conquistá-lo inteirinho.
Sentir saudade dos vinte e poucos anos.
E sentir, também, certo alívio porque já passaram.
Sentir culpas já vencidas, de vez em quando.
Lembrar velhas músicas.
Reciclar antigas idéias.
Rever velhos e bons amigos. E ver que, felizmente, o tempo não passou.

(08.04.2008)

2 comentários:

Luciano Favaro disse...

Nossa, Ju... Uma tradução perfeita dos 30! Ri sozinho enquanto lia! :)
Lu

Tiago de Paula disse...

quando leio algo assim, fico com a sensação de que não estamos tão distantes [não você e eu. mas os seres humanos...]
principalmente os que são da mesma geração.
pois é, não era nada disso que eu queria falar.
o que eu queria mesmo era não falar nada.